Golpes digitais mais comuns e como identificar um ataque antes que aconteça

O avanço dos golpes digitais e a sofisticação das fraudes online

O cenário da cibersegurança nunca foi tão desafiador. Se antes os golpes digitais eram baseados em mensagens genéricas e abordagens amadoras, hoje a realidade é outra. Com o avanço da inteligência artificial e das técnicas de engenharia social, criminosos conseguem criar fraudes altamente personalizadas, tornando-as praticamente indistinguíveis de comunicações legítimas. O problema não é mais apenas evitar links suspeitos – é saber reconhecer padrões sutis que indicam que um ataque está em andamento.

Ao longo da minha trajetória como advogado especializado em direito digital e compliance, acompanhei inúmeros casos de fraudes online, desde phishing sofisticado até esquemas de deepfake usados para roubar informações sigilosas. O que mais impressiona é como esses ataques exploram não apenas vulnerabilidades tecnológicas, mas principalmente falhas humanas. Saber identificar um golpe antes que ele aconteça é essencial para evitar prejuízos financeiros e danos à reputação.

1. Phishing evoluído: E-mails e mensagens que enganam até os mais atentos

O phishing tradicional já era um problema conhecido: mensagens falsas tentando se passar por bancos ou serviços conhecidos para roubar senhas. Hoje, porém, essas fraudes se tornaram muito mais sofisticadas, usando IA para personalizar comunicações e torná-las extremamente convincentes.

Principais sinais de um phishing moderno:

• O remetente parece legítimo, mas há pequenas variações no domínio do e-mail.

• A mensagem contém informações pessoais que dão credibilidade ao golpe.

• Há um senso de urgência, pressionando o usuário a tomar uma ação imediata.

• Os links levam a páginas visualmente idênticas às oficiais, mas com endereços levemente alterados.

Em um caso recente que acompanhei, um executivo recebeu um e-mail supostamente da equipe financeira de sua empresa pedindo a aprovação urgente de uma transferência. A fraude foi tão bem elaborada que o tom da mensagem imitava exatamente a forma como seus colegas de trabalho se comunicavam. A única pista? Um domínio de e-mail sutilmente modificado.

2. Deepfake e golpes com identidade falsa: Quando a fraude tem rosto e voz

Se antes era difícil imaginar que alguém poderia clonar a identidade de outra pessoa digitalmente, hoje essa é uma realidade assustadora. Com ferramentas de deepfake cada vez mais acessíveis, criminosos conseguem falsificar vídeos e áudios para aplicar golpes.

Casos comuns de fraude com deepfake:

• Chamadas de vídeo falsas para confirmar transações financeiras.

• Áudios clonados de executivos para autorizar pagamentos.

• Perfis falsos em redes sociais usando fotos e vídeos gerados por IA.

Empresas e profissionais precisam estar atentos. Não basta confiar apenas no reconhecimento visual ou auditivo. Sempre verifique informações por canais alternativos e implemente autenticações secundárias antes de aprovar qualquer ação importante.

3. Ransomware como serviço: O crescimento da extorsão digital

O ransomware – software que sequestra dados e exige resgate – tem sido um dos ataques mais lucrativos para criminosos digitais. Mas o que poucas pessoas sabem é que ele se tornou um serviço: qualquer pessoa pode comprar um kit pronto para infectar vítimas, sem necessidade de conhecimento técnico.

Principais formas de ataque:

• E-mails e links infectados que instalam malware no computador da vítima.

• Exploração de falhas em sistemas desatualizados.

• Ataques a dispositivos conectados em redes públicas sem proteção.

Para evitar esses ataques, a prevenção deve ser prioridade. Manter backups atualizados e adotar práticas rígidas de segurança digital são fundamentais.

4. Esquemas de investimento falso: Quando a promessa de lucro rápido esconde uma fraude

Com o crescimento do interesse por criptomoedas e investimentos online, golpistas têm explorado essa área de maneira alarmante.

Principais características de golpes financeiros online:

• Promessas de lucros garantidos e sem risco.

• Pressão para investir rapidamente antes que a "oportunidade" acabe.

• Falta de informações claras sobre quem está por trás do investimento.

Muitas vítimas caem nesses golpes por confiar em influenciadores que, muitas vezes, também foram enganados. Verifique sempre se a empresa está registrada em órgãos reguladores antes de investir seu dinheiro.

5. Golpes em marketplaces e redes sociais: Quando a fraude está disfarçada de compra segura

A compra e venda online cresceram, e com isso, as fraudes em marketplaces e redes sociais se tornaram mais sofisticadas.

Principais golpes em plataformas de e-commerce:

• Produtos anunciados a preços muito abaixo do mercado.

• Falsos comprovantes de pagamento enviados aos vendedores.

• Perfis falsos de lojas, criados para roubar dados de pagamento.

Tanto compradores quanto vendedores precisam adotar medidas extras de segurança, como verificar a reputação de um perfil antes de fechar qualquer negócio e usar plataformas de pagamento seguras.

Como evitar golpes digitais antes que eles aconteçam?

A tecnologia pode ser um problema, mas também é a solução. Algumas boas práticas ajudam a reduzir drasticamente o risco de cair em fraudes:

• Verificação em dois fatores (2FA): Adicione uma camada extra de segurança a suas contas.

• Educação contínua: Atualize-se sobre novas fraudes e ensine sua equipe e família a identificá-las.

• Monitoramento de identidade digital: Fique atento a tentativas de invasão e uso indevido de seus dados online.

• Confirmação por múltiplos canais: Antes de tomar qualquer decisão importante baseada em um e-mail ou mensagem, verifique a autenticidade do remetente por outra via.

O maior erro que podemos cometer é achar que estamos imunes a golpes. A engenharia social evolui constantemente, e a melhor defesa é estar sempre informado e atento aos sinais de fraude.

Golpes digitais evoluem, mas a prevenção ainda é a melhor defesa

A sofisticação dos golpes digitais está em um nível nunca visto antes. No entanto, a maioria dessas fraudes ainda depende de um fator essencial: o erro humano. Nenhuma tecnologia substitui a prudência e o pensamento crítico na hora de identificar possíveis ataques.

O conhecimento é a principal arma contra fraudes digitais. Quanto mais entendemos sobre as táticas utilizadas por criminosos, menores são as chances de sermos vítimas. Na era da informação, a ignorância pode custar caro – tanto para indivíduos quanto para empresas.